Artigos Acadêmicos

Atualidade dos Dons Espirituais

12-02-2014 19:35
ACTUALIDADE DOS CARISMAS EM 1CORÍNTIOS Walace Francisco dos Anjos Igrejas ditas "evangélicas"[1] enfrentam um dilema interno, provocado pelo conflito entre o crer na atualidade de alguns dons relacionados em 1Corintios 12-14 e outras não. A problemática tem sido vista nos debates promovidos pelas...

 

 O DILEMA DO CONFLITO NO INTERIOR DO HOMEM EM ROMANOS 7

Walace dos Anjos[2]

 

RESUMO

 

A seção em que está contida os capítulos 6-8 de Romanos, tem provocado no meio acadêmico muita polêmica, pela falta de entendimento quanto ao propósito, contexto e conteúdo em si do capítulo 7. O presente tem como finalidade discutir o assunto, apresentar as principais teorias existentes e levar o leitor/estudioso das escrituras, a possíveis pontos conclusivos, mas não finais do tema em tela. Para tanto, abordo quatro tópicos que considero chave. (1) Os que conhecem a lei; (2) A lei em si é boa; (3) O conflito interno e finalmente, (4) a necessidade da graça divina pela ineficácia da lei. O ponto fulcral do artigo é o conflito no interior no homem. Espero, que o presente seja de grande valia na vida prática do leitor.   

 

PALAVRAS-CHAVE

Interpretação bíblica; Graça; Conflito no interior do homem; Lei; Nenhuma condenação.

 

Como resultado do tratado teológico aos crentes em Roma, deparamos com o debatido dilema no interior do homem. Ao escrever sua missiva, o autor tem por finalidade ensinar as grandes verdades do evangelho da graça, uma vez que não haviam sido instruído por nenhum apóstolo antes. Tendo em vista fazer uma ponte das doutrinas do AT para a nova realidade no NT, Paulo, dedica-se e escreve a mais completa obra teológica do seu ministério e aborda temas de suma importância no contexto da transição do judaísmo para o cristianismo. Diante de tamanho desafio, só poderia ser bem-sucedido alguém com um profundo conhecimento e experiencia na lei judaica. Para esta importante tarefa Deus chama um homem nascido em Tarso (At 9.11) uma importante cidade romana da província da Cilícia (At 21.39), localizada na Ásia Menor (hoje a Turquia). Sendo educado aos pés do renomado mestre Gamaliel (At 22.3), Paulo, era o nome grego, e Saulo era hebraico, oriundo de seus pais da tribo de Benjamim, que deu o primeiro rei a Israel, Saul, daí a influência e o nome Saulo. Assim, o jovem Paulo tornou-se o mais destacado fariseu (Gl 1.14; Fp 3.5,6), e mais tarde quando pelo zelo da lei, perseguia os cristãos a caminho de Damasco, teve um encontro gloriosos com Jesus e converte-se milagrosamente. Após três anos de estudos e revelações que recebera do próprio Senhor Jesus, quando depois da conversão fora para a Arábia nabateia, no sudeste do mar morto (Gl 1.17-18), Paulo então estava credenciado para apresentar a ponte da lei para a graça; trazendo os códigos que decifram o dilema conflitante no interior do homem. Entretanto, ficamos convencidos que usa uma estrutura retórica paralela para comunicar sua obra teológica. Não é diferente no capítulo em questão, quando apresenta o paralelismo em forma de A, B, A, B, e o C no centro. Sendo A – para apresentar a questão, B- para revelar o resultado e o C- como conclusão, semi-conclusão, ou mediador do assunto. Logo, Paulo conclui que a observância da lei leva a morte, e causa conflitos. Mas, com o propósito de fazer a transição entre a lei e a graça, usa o morrer e ressuscitar com Cristo para argumentar as possibilidades em quatro tópicos principais, que passo a descreve-los.

 

  1. AOS QUE CONHECEM A LEI – 7.1-6

 

A – O domínio da lei sobre o homem – Paulo segue seu argumento falando aos que conhecem a lei/judeus convertidos a Cristo, como também aos que eram influenciados por ela/gentios também convertidos. A abordagem paulina poderá ter tido esta linguagem para que sua mensagem fosse identificada por todas as etnias que compunham a igreja em Roma. Ao fazer uso da estrutura retórica paralela, o escritor segue e o A – apresenta a figura do domínio da lei enquanto se vive; mas o B – usa a figura do matrimónio, ou laços matrimoniais para descrever que quando se morre fica-se livre dos laços matrimoniais ou compromissos conjugais, podendo casar-se com quem quiser; C – é a conclusão da situação levantada até o momento: Ao morrermos em Cristo, estamos livres do compromisso da lei mosaica; e ao ressuscitarmos com Cristo, já não estamos debaixo da lei, estamos livres para sermos de Cristo, podendo dar frutos para Deus. Cf. (7.1-4). Muito embora Paulo não estava a referir-se exatamente de um código de leis judaicas, romanas ou outras (pois fundamenta-se na lei de Deus dada a Adão antes do 1º código/mosaico – Rm 5.12), Paulo segue seu raciocínio usando a forma paralela até o verso 6. Inclusive o termo grego que ilustra como a morte é o livramento da obrigação legal, e nesse caso da obrigação conjugal é (δέδεται) (dédetai) que dignifica, “debaixo do governo do marido”, do “jugo” ligada ao marido legalmente enquanto viver. Na mesma direção disse Johnson[3]: Assim como a morte dissolve os laços matrimoniais, assim também a morte quebra os laços da pessoa com a lei (v.4). Paulo segue o argumento em A- quando estávamos na carne (sarx) termo grego que indica natureza pecaminosa, herdada de Adão, paixões pecaminosas; B- mas ao morremos em Cristo; C- Não estamos na velhice da letra/lei, mas servimos (δουλεύειν) do verbo (δουλεύω) “servo/escravo” em novidade de vida. Indica que o servo não somente terá a capacidade de fazer o bem, mas terá mesmo que o fazer por tratar-se de um servo; tornamos servo da justiça, ao ser liberto da lei, ficamos incapazes de não praticar outra coisa a não ser a justiça, pelo fato de não mais termos prazer na injustiça, parece-nos mal a injustiça. Literalmente escravos da justiça, um paralelo com 6.16,18,22. A novidade de vida é movida, impulsionada pelo Espirito Santo, os desejos pecaminosos perderam a força para o domínio do Espírito. Mas, para não ser mal interpretado, Paulo avança explicando que a lei não é má (v.5,6).   

 

  1. A LEI EM SI MESMO É BOA – 7.7-12

A – A lei é pecado? B- De modo nenhum. C- Mas eu não conheci o pecado se não fosse a lei … não cobiçarás (v. 7). Seguindo a estrutura paralela retórica nos versos seguintes, encontramos: A- Sem o mandamento (ordem a Adão para não comer … que despertou para comer), não havia pecado para o homem; mas o pecado tomou ocasião pelo mandamento; B- Vindo o mandamento (não cobiçarás…) reviveu o pecado e eu morri. Johnson,[4] explica que a tradição de Adão é apresentada para explicar como o pecado manipulou a lei para trazer o pecado e a morte à toda humanidade. Mas à frente veremos que o propósito da lei foi contestado não só pelo pecado, mas também pela fraqueza da carne humana. Quando Paulo diz que o pecado tomou ocasião na lei e enganou-me… Ele poderá está referindo à confiança depositada na letra da lei (méritos próprios por guardar a lei) ao invés de confiar no Deus que deu a lei, confiança na letra da lei para perdoar e não em Deus que perdoa pela sua graça. Mas o escritor é enfático no C- E assim a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom. Portanto, vemos que o pecado foi oportunista, aproveitou o mandamento “não comerás” (não cobiçarás) e entrou em ação. É quando Paulo diz, reviveu o pecado e eu morri. Johnson[5], diz que na época de Paulo, a quebra do Décimo Mandamento era vista comumente como a raiz de todos os pecados (Tg 1.15). Contudo, a falha não está na lei ou no mandamento; e sim, o mau uso. Satanás/serpente aproveitou a oportunidade do mandamento de não comer, que era bom, justo e reto. Mas ofereceu ao homem/Adão e Eva, a oportunidade de desobedecerem/morreram. Portanto, o fato de a lei revelar, excitar, condenar, reprovar e apontar a transgressão, trás a morte ao pecador, não significa que a lei seja má. Pelo contrário, ela revela o caráter de quem a deu. O Deus santo, justo e bom.  Entretanto, parecesse que isto causaria em seus leitores um grande conflito e continua seu argumento para trazer lucidez aos seus ouvintes. 

 

  1. O CONFLITO INTERNO – 7.13-25

Chegamos agora ao ápice da seção. Ao tratar do assunto com uma perspectiva nova, poderá suscitar um conflito, depois uma demolição de conceitos anteriormente formados, e a seguir a reconstrução de uma nova abordagem. Paulo parece está preocupado em não deixar dúvidas ou ser mal-entendido, e usa uma linguagem especial na tentativa de esclarecer a questão. Porém, parece que a coisa fica pior. Inclusive, a questão do conflito interno no ser humano tratado nessa seção, tem trazido muitas polêmicas no meio teológico/acadêmico. Lloyd-Jones[6], menciona as três correntes/teorias relacionadas ao assunto. A primeira, Há os que dizem que aqui Paulo está a descrever o homem não regenerado, um homem que está em seu estado natural, ainda não vivificado, ainda não regenerado. Nesta teoria estavam os pais da igreja na era patrística. O único que teve a humildade para mudar de opinião por encontrar bases mais sólidas, foi Agostinho de Hipona, 386-430 d.C. A segunda teoria é que Paulo trata de um homem regenerado permanentemente e sempre em sua melhor condição; na verdade, estava a relatar a si mesmo em sua própria experiência ocorrida na mesma ocasião em que estava a escrever estas palavras particulares. A terceira, sustenta que temos aqui um relato de um homem regenerado em seus primeiros estágios, no princípio de sua vida cristã e antes de haver recebido uma “segunda bênção”, ou haver alcançado maturidade espiritual. Indo para o texto onde as três teorias apoiam seus respetivos argumentos, encontramos uma estrutura retórica que conforme já dissemos anteriormente, o apóstolo usa o paralelismo; veja a análise a seguir: A-  Logo tornou-se-me o bom em morte? B- De modo nenhum; C- mas o pecado, para que se mostrasse pecado, operou em mim a morte pelo bem; a fim de que pelo mandamento o pecado se fizesse excessivamente maligno. A- Porque bem sabemos que a lei é espiritual; B-  mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. C-Porque o que faço não o aprovo; A-  pois o que quero isso não faço, B- mas o que aborreço isso faço. C- E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. A- … não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim… B- não consigo realizar o bem. A-  Porque não faço o bem que quero, B-  mas o mal que não quero esse faço. C- Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.  Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. A- Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; B- Mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. C-  Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? A- Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, B- mas com a carne à lei do pecado.

            Analisando a estrutura de uma forma global e uníssona, encontro em A – uma lei boa, justa e reta; ou seja espiritual. B- a carne (sarx – inclinação pecaminosa) sendo instrumento do pecado para tomar ocasião ao mandamento e contrariar a lei, criando um verdadeiro conflito que culmina no C- a conclusão do conflito. Contudo, sucinta e de uma forma direta irei abordar passo a passo do conflito, a fim de tentar encontrar possíveis conclusões e buscar possibilidades que se dê outros passos importantes no assunto.

        Isto posto, faz-se necessário fazer a pergunta fulcral para trazer algumas possíveis elucidações. Quem é o homem que Paulo fala? Seria ele antes de se converter? Seria ele mesmo na altura que escrevia a carta? Ou seria o retrato de um homem convertido nos primeiros passos da vida cristã? Voltamos às três teorias supramencionadas. Bruce[7], diz que “não se pode afirmar confiantemente que Paulo não esteja falando autobiograficamente aqui – e ainda no tempo verbal presente”. Mas deixa bem claro a indicação de acreditar que o apóstolo estava a falar de si mesmo, quando conclui assumindo que Paulo dá um brado de vitória por encontrar-se em Cristo e cita: “terei de levar sempre este pesadelo nas costas? Minha libertação não virá nunca? Graças a Deus virá, mediante Jesus Cristo nosso Senhor”. Esta posição coloca Bruce na segunda teoria. Na mesma teoria está MacArthur[8], que amplia para todos os cristãos em todas as fases da fé. Wilson[9], unido aos reformadores e patrísticos, assume a primeira   teoria; exceto, Agostinho de Hipona conforme já mencionamos. Johnson[10], diz que “embora haja pontos a favor de ambas interpretações, a visão de Romanos 7.7-25 é acerca do que o crente enfrenta, no meu modo de pensar, obstáculos formidável. A maneira como o falante no cap. 7 caracteriza sua situação é diametralmente oposta à descrição da vida do cristão apresentada nos capítulos 5 e 6. Os cristãos estão “mortos para o pecado” (Rm 6.2); outrora escravos do pecado (Rm 6.17), agora são “libertos do pecado” (Rm 6.18). Além disso, porquanto o crente já não está debaixo da autoridade da lei (Rm 6.14; 7.4-6), a luta do sujeito em 7.13-25 tem a ver com a incapacidade de guardar a lei. Por que Paulo descreveria uma tentativa do cristão em satisfazer a vontade da lei? Portanto, concluo que Romanos 7.7-25 é um não-cristão que luta sem sucesso para cumprir a lei.” Entretanto, discordo dos pensadores já mencionados nas duas teorias e concordo com Lloyd-Jones[11], por vir de encontro à estrutura mencionada e pela forma que argumenta. Vejamos o seguinte: (1) O “Porque”, aqui fica enfático que Paulo está dando continuidade ao assunto já iniciado anteriormente. “Porque”, diz ele, “bem sabemos”. Sabemos de que? “Que a lei é espiritual”; (2) Linguagem conhecida como “presente dramático”. Quando o apóstolo diz “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado”. Esta forma dramática no presente, denota claramente uma maneira muito comum de estabelecer um ponto; (3) “eu sou carnal, vendido sob o pecado” – estamos diante do cerne da questão apresentada por Lloyd-Jones. “Carnal”! Significa pertencente a carne; ou seja, a vida humana organizada à parte de Deus e do poder do Espirito Santo. Isto consta nos versos 5 e 6: Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra. Eu também observo que Paulo coloca as duas situações, a do passado, citando os verbos de quando ele mesmo estava sob a lei, e a situação presente ao usar expressões: “mas agora temos sido libertos da lei”, não estamos “na velhice da letra”; ou seja, não estou na carne/carnal, porque quem está na carne está debaixo da lei. O relato de Paulo nos versos 5 e 6 é completamente esclarecedor que ele não está referindo-se a si mesmo. Do contrário o apóstolo estaria contrariando a si mesmo e não teria autoridade para motivar e orientar seus leitores; (4) Todavia encontramos uma outra abordagem de Lloyd-Jones para “carnal”. Em 1Co 3, Paulo expressa: E EU, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Obviamente que Paulo estava dizendo, que eles estavam portando-se da forma velha, antes da conversão e portanto carnais. Mesmo já tendo nascido de novo, possuíam um estilo de vida pecaminoso, ligado a vida velha e por isto não eram espirituais. Por conseguinte, o apóstolo não está se colocando na mesma dimensão dos coríntios, como “bebê” na fé. Ele aqui já era um crente maduro e já experimentado no ministério. Podemos dizer que a declaração de Paulo em 7.13-25, não é uma declaração de um não regenerado, nem acerca de um homem plenamente desenvolvido. O não regenerado não sabe nem pode dizer que a “lei é espiritual”; (5) “vendido sob o pecado” – Significa entregue à escravidão. Não há dúvida acerca do sentido. Significa que eu fui “vendido a uma condição de escravidão ao pecado”, que “eu sou um escravo do pecado”. O pecado é o senhor e eu sou o escravo. Amplio o comentário de Lloyd-Jones, reforçando o paralelo do servo da justiça em 7.6, “tornamos servo da justiça, ao ser liberto da lei, ficamos incapazes de não praticar outra coisa a não ser a justiça, pelo fato de não mais termos prazer na injustiça, parece-nos mal a injustiça. Literalmente escravos da justiça”. Entretanto, seguindo o paralelismo do texto, chegamos a parte final que está configurada em “C-  Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? A- Dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Assim que eu mesmo com o entendimento sirvo à lei de Deus, B- mas com a carne à lei do pecado”. A esta altura, já temos razões fortes para dizer que Paulo não estava a falar de si próprio e nem de um não regenerado; fica mais fácil entender as expressões que se segue “…o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. … não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim… não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.  Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo… miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo de morte? … com o entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a carne à lei do pecado”. Como podemos observar acima, falta o C- conclusivo da estrutura. Muito embora já dissemos que a seção abrange os capítulo de 6-8, que inclusive aponta o desfecho final do apóstolo. O ponto central está exatamente do 8 e neste caso em particular o 8.1 “PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Daqui para frente, o que o apóstolo faz é vincar, tornar evidente e que não precisa mais exclamar de forma lamentativa “miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” Nem muito menos dizer “… com a carne (sirvo) à lei do pecado”. Ele e os seus leitores estavam em Cristo, e já não havia mais condenação para eles … se por ventura, alguém não estivesse, deveria correr para estar. Porque os que estão não carne não podem agradar a Deus e que a inclinação da carne é inimizade contra Deus, (Rm 8.6-8); ou seja, quem está debaixo da lei é inimigo de Deus. Longo, era necessário encontrar uma saída, porque a lei era ineficaz.

  1. A NECESSIDADE DA GRAÇA PELA INEFICÁCIA DA LEI – 7.13-25

Chegamos ao momento esperançoso apresentado pelo apóstolo, a necessidade da graça pela incapacidade da lei; o verso 14 é uma declaração resumida sobre como o pecado pôde produzir a morte pela lei. A fraqueza que o pecado explorou não estava na lei, mas na “carnalidade” da humanidade. Usando o termo “espiritual”, ele afirma a natureza divina da lei e estabelece um forte contraste com o “eu sou carnal”. A ultima expressão equivalente a esta, encontramos no verso 5 na parte final “vendido sob o pecado”. (Johnson[12]). Isto mostra o poder escravizador de quem está sob a lei, ela é incapaz de resolver o problema do homem. Ela pode apontar o erro, revelar o pecado; mas, não pode perdoar e nem justificar. O trágico erro dos judeus e de todos os gentios que viviam sob a influência da lei, é que passavam a confiar nos seus atos pessoais por observar, guardar a lei, e não em quem deu a lei e é suficiente poderoso para perdoar os que se achegam a ele pela fé. Habacuque já havia bradado, “o justo pela sua fé viverá”, Cf. (Hc. 2.4). Era a necessidade de não se confiar na observância da lei que já era sentida. Johnson, ainda afirma: “a incapacidade de fazer o que a lei requer conduz a uma conclusão dogmática: “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (v.18). Essa é conscientização terrível daquele que é controlado pelo pecado no momento do insigbt dado por Deus. Para além da disparidade entre o pensamento e ação como produto do pecado habitando no homem (vv. 17,20)”. Notem que o homem precisa urgentemente de estar em Cristo Jesus; ou seja, não estar sob a lei e estar na graça de Cristo. A confiança não é na observância de letras e sim em quem deu a letra. Entretanto, se fazia necessário a morte em Cristo para poder ficar livre da lei/controle da carne/morte, conforme explicamos no item um, com o uso da lei do matrimônio usado pelo apóstolo. Logo, não há outra hipótese, a humanidade precisa da graça divina, porque a observância da lei é completamente incapaz; e esta oportunidade só encontramos em Cristo Jesus, quando Ele torna nosso Senhor mediante a fé.              

      

 

Portanto os crentes em Roma, quer judeus, quer gentios, deveriam entender de uma vez por todas, que uma vez que eles agora estavam em Cristo Jesus, jamais tinha sentido confiar na observância da lei. Estar na lei, ou observa-la, era estar sob o domínio do pecado, porque a observância da lei não continha o antídoto para vencer a força do pecado. Mas, ao morrer em Cristo Jesus, significava receber uma libertação para viver uma vida no Espírito, sob o domínio da justiça, servos da justiça e agora podiam desfrutar de uma vida nova, sem condenação. 

   

                  

                                                                                                


 

 

ABSTRACT

 

The section that is contained in chapters 6-8 of Romans, has caused much controversy in academic circles, the lack of understanding about the purpose, context and content itself of Chapter 7. This aims to discuss the matter, presenting the main existing theories and take the reader / student of the scriptures, the possible points conclusive, but not the end of the topic at hand. Therefore, I discuss four topics that I consider key. (1) Those who know the law, (2) The law itself is good, (3) The internal conflict and finally, (4) the necessity of divine grace by the ineffectiveness of the law. The focus of the article is the conflict within the man. I hope that this is of great value in practical life of the reader.

 

 

KEYWORDS

 

Biblical Interpretation; Grace; Conflict within man; Law; No condemnation.

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BIBLEWORKS 9

            2012    - Software

  

BRUCE, F.F.

            1997    - Romanos, Introdução e comentário – Ed. Série Cultura Bíblica;

 

LLOYD-JONES, Martyn

            2001    - Romanos – Ed. PES – Publicações Nacionais Selecionadas;

 

MACRTHUR, John Jr.

            2010    - Bíblia de Estudo – Ed. Sociedade Bíblica do Brasil;

 

MARSHAL, I. Howard

            2007    - Teologia do Novo Testamento – Ed. Vida Nova

 

JOHNSON, Van

2009    - Comentário Bíblico Pentecostal, Vol. 2 – Ed. CPAD;

 

THIELMAN, Frank

            2007    - Teologia do Novo Testamento – Ed. Shedd

 

WILSON, Geoffrey B.

1981    - Romanos – SPIGE – São Paulo Indústria Gráfica e Editora.

 

 

 

 


 

 



[2] O autor é Bacharel em Teologia, Pós-Graduado em Aconselhamento, Mestrando em Interpretação Bíblica Aplicada, Missionários das Assembleias de Deus no Brasil em Portugal, pastoreia a Igreja Assembleia de Deus em Aljezur – Algarve.

 

[3]  JOHNSON, Van: 2009, p. 52,53

[4]  JOHNSON, Van: 2009, p. 55

[5]  JOHNSON, Van: 2009, p. 57

[6] LLOYD-JONES, Martyn: 2001,p. 232,233

[7]  BRUCE, F.F: 1997,p. 122-124

[8]  MACARTHUR, John: 2010, p. 1505

[9]  WILSON, Geoffrey B: 1981, p. 99

[10]  JOHNSON, Van: 2009, p. 55

[11]  LLOYD-JONES, Martyn: 2001,p. 232-247

[12]  JOHNSON, Van: 2009, p. 58,59